Um pequeno passo...
Fonte: Jornal Folha de São Paulo,
11 de maio de 1998, caderno 4, página 15.
Exatamente às
23 horas, 56 minutos e 31 segundos, hora de Brasília, o Comandante Neil A.
Armstrong tocou o solo da Lua, descendo pela cabine do módulo lunar. 6h38
depois de ter pousado na superfície do satélite natural da terra. Às 23h39, ele
disse que a porta estava se abrindo. Um minuto depois, o astronauta vislumbrava
diretamente a superfície da Lua. Lentamente, e com movimentos extremamente
seguros, começou a descer a escadinha do módulo, pisando sempre com o pé
esquerdo. Quando alcançou o segundo degrau a televisão começou a transmitir
diretamente da Lua a Terra, focalizando perfeitamente o astronauta. Já sobre o
solo lunar, Armstrong afastou-se do módulo e começou a executar suas primeiras
tarefas, tornando realidade um sonho milenar do homem.
Eis a seqüência
do histórico acontecimento: calmamente, os astronautas começaram a ler os
medidores de pressão às 23h20. Depois, Armstrong e Aldrin começaram a passar em
revista a roupa um do outro. Armstrong declarou que a pressão estava 4,75 e
caindo. A porta do módulo foi aberta quando a pressão chegou a zero. Às 23h31 a
pressão, segundo Armstrong, estava caindo em torno do ponto dois. Ele perguntou
a Aldrin se ainda levava bastante tempo para aquela coisa descer até o fim.
Aldrin respondeu que sim. Armstrong fez uma tentativa de abrir a porta às
23h35. Aldrin então perguntou se ela estava destrancada, e o comandante
respondeu que sim. A seguir, Armstrong abriu a porta do módulo. Ele teve que
sair do módulo escorregando sobre o estômago, até que pôs o pé na escadinha. A
televisão mostrou Armstrong recolhendo, com uma espécie de longas pinças, as
primeiras amostras do solo lunar. O sinal de televisão chegou ao centro de
Houston e dali era retransmitido para todo o mundo. Armstrong e Aldrin
descreveram a descida na Lua como doze minutos arrepiantes, durante os quais os
sinais de alarme do computador de bordo piscavam descontroladamente. A
explicação para essa pane no computador foi o excesso de trabalho que a unidade
foi submetida. Enquanto resolvia problemas de descida, o computador sofreu a
pressão do radar de reencontro que operava a toda carga. O alarme prevenia
insistentemente que o computador estava chegando ao seu ponto de saturação.
Armstrong e Aldrin, segundo desabafariam na Terra, naquele momento dariam tudo
para ver para onde estavam indo, antes que o centro de controle da Terra
ordenasse com firmeza que seguissem em frente. Quando Armstrong descia pela
escadinha, tinha a Terra exatamente sobre sua cabeça. Disse que podia ver tudo
claramente. Ao dar o primeiro passo na superfície lunar, Armstrong comentou:
“pequeno passo para o homem, salto gigantesco para a humanidade”.
Armstrong
iniciou a descrição de seus passos nas finas partículas de areia lunar. E disse
que parecia não haver dificuldade para mover-se por lá. Não havia problemas em
caminhar. Armstrong afirmou, ainda, que estava na verdade em um setor muito
nivelado. Enquanto isso, Aldrin, seu companheiro, aguardava ansiosamente sua
vez de descer. Depois repetiu que o motor de descida não abrira uma cratera de
tamanho nenhum, e que eles estavam numa lugar muito plano. Só tinham avançado
um oitavo de polegada, mas podiam ver suas pegadas nas finas partículas do chão
lunar. Aldrin fotografou a descida de Armstrong do interior do módulo. Afirmou
ainda que não parecia ter dificuldade para andar, ao testar seu equilíbrio.
Durante
a descida puxando um anel na fuselagem do módulo, Armstrong ligou uma câmera de
televisão que transmitiu seu primeiro passo na Lua para a Terra. Armstrong
disse, ainda, que a superfície da Lua era fina e poeirenta, como carvão em pó
sob os seus pés[i].
Podia ver as pegadas que suas botas deixavam nas finas partículas. Comunicou
que recolheu a primeira amostra e que tentaria pegar uma pedra. E declarou que
era muito interessante porque a primeira impressão era de uma superfície muito
branda, mas depois parecia ter muita consistência, e disse que tentaria obter
outra amostra. Os médicos do centro de controle disseram que a informação era
boa e a tripulação lunar parecia que ia bem.
Nas imagens
vindas da Lua podia-se ver como pano de fundo o escuro do espaço e luminosidade
branca, em contraste à superfície sobre a qual a imagem de Armstrong aparecia
um pouco difusa em branco e preto. caminhava como alguém que carrega um grande
peso nas costas. Dizia ser algo parecido com o deserto no oeste dos Estados
Unidos. Disse que estava achando difícil inclinar-se, referindo-se aos
movimentos que precisava fazer para apanhar as amostras, as quais começou a
descrever: olhando para cima, para o módulo, estava diretamente na sombra,
vendo Buzz (Aldrin) nas janelas. Podia ver tudo muito claro, disse Armstrong ao
primeiro minuto do dia 21, hora de Brasília, depois à zero hora e 16 minutos,
Edwin Aldrin também desceu à superfície lunar. Antes de Aldrin descer,
Armstrong fez uma rápida revisão visual no módulo, declarando que estava dando
para ver tudo com clareza, e perguntou se Buzz estava pronto para descer.
Aldrin, em resposta, começou a descer vagarosamente a escada. Disse que
precisavam tomar cuidado ao inclinar-se na direção que queriam ir,
principalmente se principalmente se quisessem cruzar os pés. As vezes eles pareciam estar realizando
exercícios físicos, especialmente com os braços. Aldrin acrescentou que não se
afundava mais do que alguns centímetros quando se caminhava. Os dois se
comunicavam pelo rádio, pois seus capacetes e trajes espaciais selados não
poderiam conversar de outra forma.
Houve
problemas de falta de foco com a câmera e certas interrupções. O momento mais
delicado da Apollo 11 foi quando a Eagle desceu de sua órbita em direção ao
solo lunar. Houve problemas no computador, o combustível estava acabando, e os
astronautas a bordo, quando olharam pela janela, perceberam que não sobrevoavam
o local programado. Na base de comando em Houston, outros dois astronautas,
entre eles, os primeiros estadunidenses a ir ao espaço, acompanhavam tudo.
A seguir, eles
contam como foram os momentos mais tensos de toda a missão, os dois
astronautas, Alan Shepard e Deke Slayton, desciam rapidamente em direção à
paisagem lunar em sua nave de aterrissagem, a Eagle. No interior da apertada cabine, Neil Armstrong
e Buzz Aldrin estavam de pé, calçando as botas. Estavam praticamente sem peso,
fechados dentro de um traje espacial pressurizado. A Eagle avançava veloz,
puxada pela atração gravitacional da Lua, Armstrong e Aldrin encontravam-se a
poucos minutos do momento em que iriam acionar o motor e descer para a
superfície lunar a 400 mil quilômetros de distância. No centro de controle de
Houston, um colega astronauta chamado Charlie Duke estudava atentamente os
painéis de instrumentos. Duke era a única pessoa autorizada a comunicar-se com
Armstrong e Aldrin naquele momento. Era hora de enviar a mensagem. Houston
disse ao microfone que se a Eagle recebesse a mensagem, teria sinal verde para
a descida. Armstrong e Aldrin não estavam sozinhos. Um terceiro membro da
tripulação da Apollo 11, Michael Collins, estava 80 quilômetros acima deles, em
órbita lunar, dentro da nave de comando, a Columbia. Ele ouvira claramente a
mensagem do centro de controle. Ele disse para a Eagle que Houston acabara de
dar sinal verde para a descida. Os dois homens se entreolharam. Armstrong disse
que a mensagem fora recebida e entendida. Eles se dirigiam a um mar sem água
chamado Mar da Tranquilidade.
Dentro do
centro de controle da missão de Houston, um pequeno exército de controladores
de vôo, todos tensos, mantinha os olhos sobre seus consoles. O programa para o
restante do dia em que desceram na Lua previa, inicialmente, um longo período
de descanso, pelo menos quatro horas. Em seguida, segundo a NASA, eis o que
fizeram Armstrong e Aldrin:
6h51: Os astronautas abrem a
escotilha da cabine e jogam fora o material que não precisariam mais. A porta é
fechada pela última vez.
7h13: Armstrong e Aldrin fazem
outra refeição e iniciam um período de repouso de quatro horas e quarenta
minutos.
14h55: Os astronautas ligam o
motor de subida do módulo.
15h02: O módulo entra em órbita
lunar.
15h33: O módulo inicia as
manobras de acoplamento com a nave mãe.
18h32: Completa-se o acoplamento.
22h25: O estágio de subida do
módulo lunar é afastado da nave de comando e abandonado em órbita da Lua.
Foi
assim que a Folha descreveu a conquista da Lua no dia seguinte ao evento.
Alguns meses depois, uma matéria no jornal forneceu mais detalhes sobre a
expedição.
Antes
de deixar o satélite terrestre, os astronautas fixaram no solo lunar uma
bandeira estadunidense. Depois falaram com o presidente Richard Nixon e Aldrin
leu os dizeres de uma placa comemorativa: “Aqui os homens do planeta Terra
colocaram pela primeira vez o pé na Lua. Julho, 1969. Anno Domini. Viemos em
paz e em nome de toda a humanidade.” Os astronautas ainda instalaram um
sismógrafo, um refletor de laser e um equipamento para medir o vento solar
antes que o controle da Terra os prevenisse de que estavam atrasados em relação
ao cronograma. Mesmo assim, o controle concedeu-lhes mais 15 minutos de
permanência fora do módulo lunar. A última tarefa na superfície da Lua coube a
Aldrin, que introduziu um cilindro de 13 centímetros no solo do satélite para
coletar amostras.
A
missão Apollo 11 exigiu anos de pesquisa, testes, vôos e mortes para que o
foguete Saturno V levasse um pequeno módulo com três ocupantes para a Lua.
Edwin Aldrin, Michael Collins e Neil Armstrong, depois de mais de mil horas de
treinamento especial, foram enviados para marcar a passagem do homem sobre o
satélite terrestre. Apesar de todo o preparo, a missão Apollo 11 quase abortou
momentos antes do pouso lunar.
O
primeiro grupo de astronautas foi selecionado em 1959. A NASA primeiramente
exigia experiência em aviões a jato, treinamento em engenharia, idade abaixo de
quarenta anos, estatura inferior a um metro e oitenta. Neil Armstrong foi
selecionado em 1962, em um programa especial para as missões Apollo e Gemini.
Collins e Aldrin passaram no teste de 1963. A maior parte do treinamento foi
feita em Houston, no Texas, sul dos Estados Unidos. Para simular a volta à
Terra, os 3 foram deslocados até o Golfo do México e resgatados por um
helicóptero. Todas as etapas da missão foram simuladas várias vezes. Testes com
gravidade zero, incêndios à bordo, contaminação de um dos membros da equipe. Os
astronautas passaram por vôos em um avião chamado Zero G, que significa
“gravidade zero”. Assistiram também palestras sobre geologia, microbiologia,
fotografia e sistemas de navegação da nave, ministradas pelo Instituto de
Tecnologia de Massachussets, em Boston, Nordeste dos Estados Unidos.
O
Saturno V jamais foi igualado em termos de capacidade de colocar cargas em
órbita[ii].
Ele podia levar ao espaço cerca de 150 toneladas. O módulo de comando das
Apollo tinha acomodações e pesava 5,800Kg. O jipe lunar só foi usado nas
missões Apollo 15, 16 e 17. Pesava 209 quilos e dava aos astronautas uma área
de exploração de 10 quilômetros de raio. Tinha uma unidade de monitoração de TV
que permitia ao centro de controle da missão em Houston observar todas as
operações. O desenvolvimento dos equipamentos que possibilitaram a chegada com
sucesso na Lua custou mais caro do que supunham os idealizadores. Durante
testes de plataforma, em 27 de janeiro de 1967, os astronautas Roger Chafee,
Edward White e Virgil Grissom morreram em um incêndio na cabine de comando.
Houve um curto circuito no sistema elétrico. Esse acidente atrasou o programa
em 18 meses: as missões Apollo 2 e 3 foram canceladas.
Hoje faz 32
anos que ninguém volta à Lua. O interesse dos cientistas à pesquisa do espaço
se voltou para outros objetos. Frustração é a palavra que melhor a reação dos
pesquisadores diante dos resultados científicos do programa Apollo. Os 12
astronautas que pisaram na Lua pouco ajudaram a responder a principal pergunta
as ciência: como surgiu o satélite da Terra.
Deixando de
lado o sucesso de mídia e os dividendos políticos das missões tripuladas
estadunidenses, é bom lembrar os quase 25 bilhões de dólares gastos com o
programa. A Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos dizia, antes da
missões Apollo, que descobrir a origem da Lua era uma das mais importantes
questões científicas do século XX. Mas, mesmo depois de 6 missões, o problema
continua sem uma resposta satisfatória. E a melhor chance de respondê-la pode
estar nas sondas automáticas e simulações em supercomputadores, e não em
caríssimos vôos tripulados. Mesmo porque, dos 12 astronautas que deixaram
pegadas sobre o solo lunar, apenas um era cientista: o geólogo Harison Schmitt.
A mais importante realização científica das missões Apollo foi a coleta de
amostras do solo lunar, cerca de 385kg de rochas. Só que sondas automáticas
podem fazer o mesmo, como foi o caso das soviéticas Luna. O único problema é a
quantidade, bem menos, da ordem de dezenas de gramas, obtidas pelas sondas. Mas
elas tem a vantagem de poder coletar amostras em pontos inacessíveis às naves
tripuladas, devido ao risco de que representariam para os astronautas. As
amostras das missões Apollo tem este inconveniente: provém de uma área limitada
da Lua, o centro da face visível.
Uma das teorias
para a origem da Lua diz que ela surgiu do impacto de um planetóide com a Terra
4,6 bilhões de anos atrás. O choque com esse planetóide, que tinha cerca de
metade do diâmetro da Terra, teria lançado ao espaço uma nuvem de rocha
vaporizada, que depois se transformaria na Lua. Novos dados para confirmar ou
negar a teoria do impacto do planetóide estão sendo esperados com a missão da
sonda automática. A NASA, Administração Nacional de Aeronáutica e Espaço dos
Estados Unidos, planejava lançar a sonda lunar Observer para esquadrinhar a
superfície do satélite terrestre com raios X e Gama. O objetivo é determinar a
composição física da superfície. A missão lunar Observer virá com mais de 20
anos de atraso, pois é complementar às descobertas das missões Apollo.
Esse é o tipo
de missão que pode contribuir para o conhecimento humano, disse à Folha por
telefone o cientista James Van Allen, da Universidade de Iwoa, referindo-se à
sondas automáticas como a Observer. Van Allen é conhecido como um dos
principais críticos à ênfase excessiva, como ele diz, que a NASA concedeu às
missões tripuladas. Ele afirma ainda que a equipe na NASA tenta recapturar a
excitação da população com os ônibus espaciais e acaba fracassando. Ele tem
currículo para apoiar as críticas. O primeiro grande sucesso científico da
corrida espacial foi a descoberta, 1958, com os satélites da série Explorer,
dos cinturões de radiação presos pelo campo magnético da Terra, conhecidos como
cinturões de Van Allen. Ele diz que a ênfase em ter astronautas em órbita da
Terra tem retirado verba de projetos cientificamente mais valiosos, como a
exploração de outros planetas, bem mais interessantes do que a Lua. Segundo
ele, as missões de astronomia como a do telescópio espacial Hubble e o estudo
da própria Terra pelo detalhado sensoriamento remoto orbital.
Van Allen
brinca que está há mais tempo estudando o espaço do que a NASA, que só foi
criada em 1958, o que deflagrou essa grande Corrida Espacial, como se
convencionou chamar, ainda nos anos 60. A exploração espacial envolvendo os
soviéticos e os estadunidenses, começou com um minúsculo objeto, o Sputnik,
primeiro satélite artificial da Terra, lançado em 1957 pelos soviéticos. Em
1961 os russos conquistaram a segunda e surpreendente vitória no espaço, colocando,
no dia 12 de abril, o primeiro homem em órbita. O jovem Iuri Gagarin[iii],
27 anos, realizou uma volta inteira em torno da Terra, a bordo da solitária
Vostok. É dele a expressão: “A Terra é azul”.
Para quem
ainda hoje se surpreende com a disputa militar que se estendeu ao espaço
cósmico, é preciso dizer que desde o início da corrida espacial os objetivos
militares estiveram sempre presentes. Os foguetes Atlas e Titan que impulsionaram as primeira
naves estadunidenses, a Mercury de um lugar e a Gemini, de dois, não passavam
de mísseis militares adaptador. A inovação aconteceu com a série Saturno, que,
com aperfeiçoamentos, chegou ao poderoso Saturno V. O mesmo aconteceu com os
soviéticos, que se valeram de mísseis militares para lançar as naves Vostok, de
um lugar, e as Voskhorod, de três lugares. Só em 1965 os russos desenvolveram
um foguete para carga pesadas que colocou em órbita três satélites da série
Próton e levou à órbita lunar um engenho da série Zond.
A descida dos
estadunidenses na Lua levou os soviéticos a concentrar todos os seus esforços
na exploração do satélite da Terra e na elaboração de plataformas espaciais de
onde, segundo especialistas, será possível, no futuro, alcançar não apenas a
Lua, mas os planetas mais próximos, como fizemos com Marte, a custos
incomparavelmente menores. Em abril de 1971 os russos lançaram a Salyut 1, a
primeira estação espacial soviética, onde cinco dias depois se hospedaram 3
astronautas que viajaram a bordo da
Soyuz 10. Na década de 80, os russos enviaram ao espaço a nave Soyuz 12 com
três astronautas , inclusive uma mulher, para acoplar-se com a estação orbital
Salyut 7, onde estavam três outros astronautas realizando experiências físicas
e médicas.
Desde o início
da exploração do espaço evoluíram a habilidade dos astronautas e a sofisticação
das espaçonaves. As Mercury e Gemini caminharam para as Apollo de três lugares,
e agora cederam lugar para as lançadeiras que deverão funcionar com o Spacelab.
Os soviéticos, além das estações espaciais, conseguiram feitos fantásticos com
engenhos não tripulados, que inclusive desceram na Lua, coletaram amostras de
solo e retornaram com perfeição à Terra. Os erros produziram acidentes como o
que matou três astronautas estadunidenses em 27 de janeiro de 67 ou outros três
astronautas russos em junho de 1971. A rivalidade entre russos e
estadunidenses, em pelo menos um momento cedeu à confraternização, quando, em
15 de junho de 1975, uma nave Soyuz acoplou-se no espaço com uma Apolo. Depois
de muitos anos do ápice da Guerra Espacial, uma entrevista foi realizada nos
Estados Unidos com os tripulantes da Apollo 11.
O primeiro homem a pisar na Lua, Neil Armstrong, já não mostrava o mesmo
entusiasmo de 1969. Armstrong afirmou na ocasião que a pessoas passam do
espanto para o tédio, e daí para o esquecimento, com grande rapidez, e que isso
faz parte da natureza humana.
Perguntado
sobre o que havia mudado na sua vida depois de pisar na Lua, ele respondeu que,
provavelmente, uma entrevista coletiva com ele antes de 1969 teria muito menos
jornalistas. Mais de 300 jornalistas disputaram a entrevista com os três
astronautas da Apollo 11. Desde 1969, de 5 em 5 anos, a NASA patrocina a
realização de uma entrevista semelhante. As imagens da aterrissagem na Lua não
despertariam o mesmo interesse em gente educada com filmes de Spielberg e
George Lucas. Edwin Aldrin, o segundo
astronauta a pisar na Lua, disse que as pessoas com menos de 20 anos tinham uma
noção de limites muito diferente da geração dele. Michael Collins, o astronauta
que ficou a bordo a Apollo 11 e não chegou a pisar na Lua, completou dizendo
que as pessoas tinham mais respostas que a geração deles tinha. Sem esconder a
insatisfação, os três astronautas defenderam um programa espacial mais
agressivo. Para Collins, os Estados Unidos deveriam enviar uma missão tripulada
à Marte. Em sua opinião, isso teria um efeito eletrizante em todos os negócios
relacionados com o espaço no mundo, pois os Estados Unidos são uma nação de
exploradores e por isso devem perseguir um programa espacial ambicioso. Tem
sido assim desde a conquistado oeste. Aldrin disse que a falta de dinheiro em
que se encontrava a NASA não servia de justificativa para atrasar o programa
espacial, preferia atribuir a timidez do programa a falta de lideranças
políticas fortes. Para ele, isso era um sinal dos tempos. Lembrou que na década
de 60 o presidente Kennedy disse ao Congresso que iria colocar um homem na Lua.
Já o presidente Bush teria de enfrentar uma dura negociação. Para Armstrong, o
projeto de construção da estação orbital Freedom iria recuperar o prestigio do
programa espacial estadunidense. Há dez anos ele vinha defendendo as idéias de
que os Estados Unidos mantivessem permanentemente astronautas em órbita. Só
esperava que a contrução da Freedom não demorasse outros dez anos. Durante a
entrevista, o mais tímido dos três foi Armstrong. Ele sempre teve esse
comportamento. Deixou a NASA em 71 e, desde então, vive em certa obscuridade
como fazendeiro em Ohio e chairman de uma companhia de sistemas eletrônicos[iv].
Buzz viaja o mundo discutindo os conceitos e idéias sobre a exploração do
universo[v].
Assim com Collins[vi],
Buzz ocupou cargo público e até hoje escreve sobre a missão.
[i] O solo da Lua é chamado de Regolito, uma camada solta
de material heterogêneo e superficial que cobre uma rocha
sólida. Ele inclui poeira, solo, rocha quebrada e outros
materiais correlatos e está presente na Terra, na Lua, em Marte,
em alguns asteroides e outros planetas
terrestres e luas. Na Lua, o regolito que cobre a superfície deve-se à erosão
cósmica, dito comumente como atomização ou
meteorização das rochas pela brusca variação de temperatura, choque com outro meteoritos ou outros processos físicos.
[ii]
O Saturno V também
chamado Foguete Lunar (Moon Rocket), foi o foguete usado
nas missões Apollo e Skylab.
Foi desenvolvido por Wernher von
Braun no Marshall Space Flight Center em Huntsville, Alabama
juntamente com Boeing, North American Aviation, Douglas Aircraft
Company sob coordenação da IBM. Ele possui três andares (estágios),
propelido pelos cinco poderosos motores F-1 do primeiro andar, mais
os motores J-2 dos andares seguintes.Os três andares do foguete,
chamados S-IC (primeiro andar), S-II (segundo andar)
e S-IVB (terceiro andar), usavam oxigénio líquido (lox)
como oxidante. O primeiro andar
usava RP-1 como combustível, enquanto os segundo e terceiro
usavam hidrogénio líquido. Foi o maior e mais caro foguete do mundo a ser
utilizado com sucesso. Seu último vôo lançou em órbita o laboratório espacial
Skylab.
[iii] Yuri Alekseievitch Gagarin (em russo: Юрий Алексеевич Гагарин; Kluchino, 9 de
março de 1934 — Kirjatch, 27 de março de 1968) foi um cosmonauta soviético e o primeiro homem a viajar pelo espaço,
em 12 de abril de 1961, a bordo
da Vostok 1, que tinha 4,4 m de comprimento, 2,4 m de diâmetro e
pesava 4725 kg. Esta espaçonave possuía dois módulos: o módulo de equipamentos (com
instrumentos, antenas, tanques e combustível para os retrofoguetes) e a cápsula onde ficou o cosmonauta. Após ser
desligado do programa espacial, Gagarin foi transferido para um centro de
testes de aeronaves. Em 27 de
março de 1968, durante um voo de treino de
rotina em um caça MIG-15 sobre a localidade de Kirjatch ,
ele e o instrutor de voo Vladimir
Seryogin morreram na queda do
jato, num acidente nunca devidamente explicado.Gagarin e Seryogin receberam
honras de Estado e foram enterrados na muralha do Kremlin.
[iv]
Neil
Alden Armstrong (Wapakoneta, 5 de agosto de 1930 — Cincinatti, 25 de agosto de 2012)
foi um astronauta dos Estados
Unidos, piloto de testes, engenheiro aeronáutico e aviador naval que escreveu seu nome na história do século
XX e da Humanidade ao ser o primeiro homem a pisar na Lua, como comandante da missão Apollo 11, em 20 de julho de 1969.
Antes de se tornar astronauta, Armstrong serviu na Marinha dos Estados Unidos combatendo na Guerra da Coreia como piloto de caça. Após a guerra,
graduou-se como piloto de testes e serviu na Estação de Voo do Comitê Consultivo Nacional para a
Aeronáutica (NACA) de alta
velocidade, onde acumulou mais de 900 voos em uma variedade de aeronaves.
Entrou para a NASA em
1962, integrando o segundo grupo de astronautas da agência espacial, indo ao
espaço pela primeira vez em 1966, como comandante da missão Gemini VIII, três anos antes do voo
que o colocaria na História. Condecorado com a Medalha Presidencial da Liberdade, a
maior condecoração civil do país, e a Medalha
de Honra Espacial do Congresso, manteve uma vida discreta e longe dos olhos da
opinião pública até sua morte, aos 82 anos. Dele, o presidente dos Estados Unidos Barack Obama disse ser " um dos maiores heróis
americanos, não apenas de sua época, mas de todos os tempos". Em 7 de agosto, Armstrong foi submetido a uma cirurgia
cardíaca de emergência, após terem sido encontrados quatro obstruções em suas artérias coronárias. A partir de então esteve em recuperação num hospital em Cincinatti, cidade onde morava com a
sua mulher. No dia 25 de agosto de 2012, não resistindo a complicações
relacionadas com as recentes intervenções cirúrgicas, acabou falecendo em Cincinatti, no estado de Ohio,
aos 82 anos de idade. O corpo de
Neil Armstrong foi cremado, e suas cinzas lançadas no Oceano Atlântico por sua viúva para fora do navio USS Philippine Sea.
[v]
Buzz
Aldrin, nascido Edwin
Eugene Aldrin Jr. (Nova
Jérsei, 20 de janeiro de 1930),
é um ex-astronauta norte-americano,
ex-coronel e piloto da Força
Aérea dos Estados Unidos. Foi o segundo homem a pisar na Lua, em 20 de julho de 1969,
como tripulante do módulo lunar Eagle, durante a missão Apollo 11, a primeira a pousar no satélite. Com uma persona muito mais pública do que seu
companheiro de missão Neil
Armstrong, Aldrin deixou a NASA após o passeio lunar, voltou à Força Aérea num cargo gerencial e passou a fazer
palestras em todo o mundo promovendo a exploração espacial. Extrovertido,
bem-humorado, culto — mas de pavio curto — dublou a si próprio em séries da televisão americana como Os Simpsons e da televisão inglesa, interpretou um
reverendo num filme para a televisão sobre a Apollo 11 e confessou em sua autobiografia ter tido vários problemas de depressão
e alcoolismo em seus anos pós-Apollo 11, o que
contribuiu para sua aposentadoria da USAF.
[vi]
Michael Collins (Roma, 31
de outubro de 1930) é um ex-astronauta norte-americano e tripulante da missão Apollo
11, a primeira a pousar na Lua em 20
de julho de 1969. Ele foi o piloto do Módulo
de Comando que ficou em órbita do satélite e o único dos três tripulantes da missão a
não pisar no solo lunar. Collins nasceu na Itália,
filho de um general do exército americano que serviu em diversas partes do mundo e passou
parte da adolescência em Porto
Rico, base temporária do pai, onde fez seu primeiro
passeio de avião. Com a entrada dos EUA na II
Guerra Mundial, ele voltou com a família para Washington e entrou para as forças
armadas americanas, seguindo o caminho dos homens de sua família,
escolhendo a Força Aéreapara fazer carreira. Nos anos 50,
serviu como piloto de combate junto às forças americanas da OTAN na Europa. Michael Collins é o autor da insígnia da Missão Apollo 11, a famosa águia – símbolo dos Estados Unidos - pousando na Lua carregando um ramo de oliveira. Ele desenhou a marca baseado numa fotografia da revista National Geographic.