Sunday, April 07, 2013

LMG - Light Machine Gun (Metralhadora Leve de Infantaria)

Texto original em 

O bom e velho M-60 na mão do Animal Mother


Quando suas tropas estão se movendo, o soldado na retaguarda tem, então, a tarefa de manter o inimigo com as cabeças baixas sob fogo de cobertura proveniente de uma metralhadora portátil. Esta é a tática básica da infantaria desde a Primeira Guerra Mundial e, hoje, a Metralhadora Leve de Infantaria (Light Machine Gun) é a ferramenta crítica da guerra moderna usada mundo afora. Entretanto, parece que a ficção científica não leu o memorando e as LMGs permancem como um dos mais esquecidos elementos de combate básico da infantaria na parte militar das histórias de sci-fi. 

O que são as LMGs e seu nicho de combate?


Uma M-249

Desde a Primeira Guerra Mundial, as LMG estão disponíveis em pequenas unidades de infantaria para ter-se uma arma primária portátil para prover suporte de fogo automático para o esquadrão, obrigando o inimigo a se abrigar e possibilitando à infantaria a aproximação com o inimigo.  Estas armas são alimentadas por cinta ou carregador e normalmente usam os mesmos cartuchos que os fuzis de assalto. Em combate, as metralhadoras formam a espinha dorsal ofensiva-defensiva de qualquer operação, provendo cobertura de fogo em grande volume.

A História das Metralhadoras Leves

Canhão-Órgão Ribauldequin

Desde o Século 3, a humanidade busca desenvolver uma arma portátil de fogo rápido que pudesse abater múltiplos inimigos em campo de batalha. Primeiro, as lançadores de flechas industriais do Império Romano, até a chegada do chamado "canhão-órgão", ou Ribauldequin, do Século 13. Era um arco de canos montado sobre uma carroça ou carreta para agir como artilharia de saraiva e, mesmo Da Vinci, teve seu canhão-ventilador. Contudo, estas armas não eram realmente portáteis ou mesmo eficazes, seja pela precisão ou pelo tempo de recarga. Um bom número de diferentes desenhos foi baseado nesse princípio básico do fogo de saraiva e usado por centenas de anos.

Puckle Gun

A próxima evolução da metralhadora veio com o desenvolvimento do Puckle Gun em 1718 por James Puckle, que tinha um quebra-mão, sendo basicamente um fuzil de pederneira (flintlock) de cano único montando em um tripé, mas alimentado por um sistema de cilindro, limitando a Puckle Gun a 11 disparos. Todavia, se estivesse com todos os cilindros pré-carregados, ela poderia servir como suporte ou uma arma de fogo pesada. A outra única particularidade apresentada pela Puckle Gun era o cilindro podia disparar bala redondas ou quadradas, dependendo da religião do atacante. Os tiros mais "humanos" eram reservados aos cristãos e as selvagens balas quadradas para os hereges e muçulmanos (especialmente turcos). Era razoável que mais turcos se converteriam aos cristianismo para não sofrer ferimentos de balas quadradas. Conversações através de ferimentos de tiro são uma interessante maneira de aproximar-se para conversão religiosa...

Mitraileuse

Durante o século 19, armas como o Agar Gun, também conhecida como o moedor de café da Guerra Civil dos Estados Unidos, e a Mitrailleuse, arma dos anos de 1850, montada numa carreta com 25 canos de fuzil  13mm e operada manualmente, fazendo da Mitrailleuse uma arma portátil de fogo rápido, mas pouco mais que uma variante de artilharia grape-shot. A Mitrailleuse foi melhorada durante seu período de vida de mais de 40 anos para incluir 37 canos e viu seu uso limitado à Guerra Franco-Prussiana. Apesar da falta de uso durante seu tempo de serviço, a Mitrailleuse pode ser sido a primeira arma de fogo rápido a carregar o nome de "metralhadora". O que matou a Mitrailleuse e veio a ser o padrão mundial, foi a estadunidense Gatling Gun. 

Gatling Gun

Estranhamente, o Dr. Gatling imaginou seu repetidor tão efetivo que ele poderia evitar futuras guerras... sim, o que não aconteceu. Estanhamente, mesmo após o Union Army ver a demonstração, eles não ficaram impresisonados, apesar da situação currente com a Guerra Civil e de não existir nada como a Gatling Gun naqueles tempos. Uma das razões foi o vasto número de calibres usados pelo Union Army e a Gatling Gun seria apenas mais uma  arma para alimentar e era grande, pesada (cerca 1000lbs -algo em torno de 454kg) que não tinha o alcance de uma peça de artilharia e... era muito nova! As poucas que foram usadas durante a Guerra Civil o foram de forma defensiva e muitos historiadores não acreditam que fez muita diferença. Entretanto, foi uma febre no mercado internacional e usada pelo US Army durante as Guerras Índias, mas não até Little Big Horn. Durante a expansão colonial britânica, as Gatling Guns, navais ou baseadas em terra, foram usadas para suprimir as tribos nativas, especialmente nas Guerras Zulu.

Metradora Maxim

Mas todas estas armas de fogo rápido eram operadas a mão, por homens, e isto durou até 1884, quando a primeira metralhadora de verdade foi desenvolvida por Hiram Maxim, após uma viagem de tiro, quando ele imaginou se a energia do recuo poderia ser usada para potencializar um mecanismo de recarga. Esta arma de fogo rápido era alimentada por sistema de cinta e apresentada com a marcante jaqueta de água para resfriamento do cano que veio a ser um sucesso global, e logo foi empregada nas operações de supressão das tribos nativas pelas nações europeias. Muitos acreditam que a metralhadora foi usada primeiramente nos campos barrentos da Primeira Guerra Mundial, entretanto, credita-se que seu primeiro uso em combate foi durante a Primeira Guerra Matable em 1893-94, pelos britânicos na Rodésia. O primeiro conflito em larga escala que testemunhou o uso da metralhadora, foi a versão britânica da Maxim, a Vickers (em calibre .303), durante a Segunda Guerra Boer (1899-1902). Não somente a Maxim foi devastadora contra o velho estilo de guerra da infantaria, quando soldados se punham em linha e trocavam fogo, mas também teve um efeito que quebra do a moral e vontade de combate do soldado. Mas nem tudo foram rosas e sol... a expansão do bronze fazia a Maxim emperrar durante o combate e fazia grandes nuvens de fumaça quando disparada.


Metralhadora Vickers


Quando a precisão falhou em matar o inimigo, a mera visão e o som do fogo da metralhadora, direcionam o inimigo do campo de batalha. O grande fabricante de armas estadunidense John Browning, desenvolveu a sua própria leve, refrigerada a ar, metralhadora em calibre .30-06, a M1895 Colt-BRowning, também conhecida como "escavador de batata" por conta da oscilação da alavanca de manejo. Enquanto foi usada pelo US Army por um limitado período de tempo durante a Guerra Espano-Americana, foi substituída pela Maxim construída pela Colt. Mas um elemento crítico foi esquecido em todas essas primeiras metralhadoras: portabilidade. Metralhadoras desta época são portáveis somente por uma equipe ou mesmo por um animal de carga e requeriam vários soldados para operá-las. O mecanismo também sofria com o uso de calibres desenhados para fuzis, o que aumentava o força do recuo da arma. A primeira metralhadora leve militar foi de 1902, a dinamarquesa Madsen LMG, que usada um carregar do tipo caixa no alto da arma, similar a britânica Bren LMG, mas ela se limitou muito a sua nação lar. Para a adoção das LMGs se espalhar por muitas organizações militares para se manter, foram necessários os brutais combates da Primeira Guerra Mundial. 



Metralhadoras da Primeira Guerra Mundial eram frequentemente usadas fixas e difíceis de mover, usadas posições defensivas e de suporte, mas repeliam pesadas levas de soldados, que frequentemente sangravam até tornar o solo vermelho. Quando soldados do front ocidental estavam prontos para capturar uma trincheira inimiga, eles levavam para se defender somente o que podiam carregar cruzando a terra de ninguém. Isso deu projeção à armas como a CSRG M1915, um fuzil automático, ou a Chauchat. Esta arma de aparência estranha disparava ambos os cartuchos, o francês 8x15mm e o estadunidense .30-06 através de um carregador aberto em forma de crescente e apresentando empunhaduras verticais para as mãos  e ainda um bipé, Graças ao baixo peso, a Chauchat era facilmente carregada em batalha , suportando o assalto de trincheira a trincheira e foi uma das únicas LMGs no campo de batalha da Europa. 



Isto fez com que a Força Expedicionária Americna de 1917 adotasse rapidamente a arma francesa mas havia menos braços disponíveis do que no início do envolvimento estadunidense, mas foi logo substituída  pelo excelente BAR em 1918.nos meses finais da guerra. Muitos historiadores consideram a Cahuchat a pior arma adotada para serviço no US Army, dado o design do carregador aberto, a arma era facilmente emperrada, pobre na qualidade de fabricação o que significa que partes de uma Chauchat não era intercambiável para outra.



Infelizmente o azarado que era forçado a usar uma Chauchat subpadrão, os britânicos tinham sua própria LMG para o front ocidental, a .303 Lewis Gun. Esta arma era refrigerada a ar, alimentada por um carregador em forma de disco no alto da arma, e era facilmente portável em condições não ideais. Essa arma pode ser vista em ação nos céus tanto quanto nos campos de batalha da Segunda Guerra Mundial, enquanto a Chauchat apodrecia em aterros. 



Metralhadoras como base da infantaria se tornaram o marco no comabte por terreno na Segunda Guerra Mundial com armas como o BAR, a M1919 Browning e a alemã MG42. A Segunda Guerra mundial foi o teste de como as metralhadoras viriam a ser incorporadas no teatro de guerra moderno, com armas como o BAR provendo o conceito de LMG, mas esta era limitada pelo peso e pelo carregador de pequena capacidade ( o do BAR somente carregava 20 cartuchos .30-06), então nos temos metralhadoras mais tradicionais, a M1919 e a MG42 por exemplo, que ofereciam mais poder de fogo para surpimir os alvos, mas requeria uma equipe para montá-la e carregá-la através do campo de batalha. E o que era necessário, era uma arma como a BAR, mas com a eficiência da MG42.



Pela época da Guerra do Vietnã, a metralhadora leve de infantaria estava totalmente integrada ao seu ambiente. Armas como a estadunidense M60 e a russa PK era apontadas uma para outra em densas e quentes florestas no Vietnã, uma era filha do AK desenhado por Mikhail Klashnikov, a outra baseada na MG42. Enquanto ambas conviviam na guerra, problemas eram noticiados, nominalmente o própria arma e a munição.Essa foi uma das razões que fizeram os fabricantes e projetistas a projetarem armas em calibres menores, como o 5.56mm, tanto como munição metralhadoras como de fuzis de assalto, em armas como o H&K H21 e o RPK.



Pela década de 70, países começaram a adotar estas novas mais leves LMGs, mas agora as chamando de Armas Automáticas de Esquadrão  (Squad Automatic Weapon - SAW), alimentadas por cintas de cartuchos mais leves, do mesmo calibre usado por seus fuzis de assalto. Em adição a estas LMGs, vieram aquelas baseadas em fuzis de assalto, o conceito de família de armas, como a Steyr AUG LMG, a Stoner 63 usada pelos SEALs no Veitnã (esta é uma versão atualizada da Knight Armament). Durante as guerras gêmeas no Iraque e no Afeganistão, a LMG padrão dos EUA, a SAW, foi encurtada para uma versão pára, que agora tem o tamanho de um fuzil de assalto, finalmente se tornando uma metralhadora realmente portátil pelo soldado em qualquer situação.

Metradoras Leves de Infantaria VS Metralhadoras Pesadas VS Metralhadoras de Uso Geral




Metralhadora é um termo geral que pode significar (na média, claro) qualquer tipo de arma de fogo totalmente automático. Entretanto, para muitos militares e gamers, uma metralhadora é uma arma designada para despejar o máximo de projéteis ao alcance e com grande volume de fogo e, em comparação, temos três diferentes tipos de metralhadoras: a leve, a de uso geral e as pesadas. Metralhadoras leves são normalmente alimentadas por carregador ou cinta, são portáteis e usadas no combate de infantaria, disparando o mesmo cartucho que o fuzil de assalto padrão. No meio, entre a metralhadora leve e a pesada, temos as Metralhadoras de Uso Geral (General Purpouse Machine Gun - GPMG), que em geral é alimentada por cinta e usada pontos fixos, com a infantaria tradicional, arma de porta, montada em veículos ou em reparos, como tripés. A M60 estadunidense, a alemã MG42 ou a russa PK são bons exemplos de metralhadoras de uso geral. 



Enquanto a metralhadora leve a de uso geral são muito similares, as metralhadoras pesadas são animais completamente diferentes, que disparam cartuchos acima do 12mm de calibre e abaixo dos 20mm. Estas são usadas como fogo antiaéreo e montadas em suportes para fogo pesado. Bons exemplos são 12,7mm (.50) Browing M2 e a russa DShk. Quando uma metralhadora calça um calibre de 20mm ou superior, elas são consideradas canhões automáticos, como o US XM307, arma servida de tripulação de 25mm. Vale informar que os cartuchos de 20mm ou superiores já não são mais designados como projétil simples e sim de granada. Então um canhão automático de 20, 25 ou 30mm dispara uma granada e não uma bala.

A Equipe Metralhadora




Durante a Segunda Guerra Mundial, metralhadoras eram tratadas mais como artilharia móvel, frequentemente colocadas em posição não-móvel, a infantaria frequentemente cedia de quatro a seis soldados para servir uma única metralhadora (especialmente na Primeira Guerra Mundial). Tínhamos soldados para carregar a arma, para trocar os canos quando do aquecimento ou encher de água os tanques-jaquetas das armas refrigeradas a à água, uma para comandar e vários para prover segurança. Hoje, embora não sejam tão comuns quanto costumavam ser, tia equipes ainda existem, sendo conhecidos como times de arma, agora são usados nas armas pesadas disponibilizadas para a unidade. Hoje, metralhadoras leves são designadas a esquadrões de soldados, sendo um soldado designado a outro como suporte, artilheiro backup ou carregar munição extra.



Durante a Guerra do Vietnam era comum muitos membros do esquadrão carregarem de 100 a 200 cartuchos de metralhadora em cintas prontas para uso para suporte do montante de fogo. Não há mais tanto lugar para as LMGs státicas no campo de batalha, mas somente no meio da ação. Com as LMGs sendo mais leves e compáctas, artilheiros ficaram disponíveis para estar no meio da ação, dando suporte direto ao esquadrão.
O operador da metralhadora será armado com uma arma secundária ou uma PDW (personal defense weapon - arma de defesa pessoal, normalmente uma pistola ou carabina) para sua própria proteção e, mesmo, muitos deles tem vários outros soldados designados para a segurança do artilheiro. E poderia-se notar que o papel crítico desempenhado pelas equipes de metralhadora as tonam algos prioritários de muitas forças de ataque, e um dos piores momentos para usar a LMG é à noite, quando o flash quase estroboscópico dos disparos cega os operadores e expõe suas posições. Equipes de Metralhadores são apresentadas até em Star Wars - O Império Contra Ataca, quando os storm troopers atacam a base em Hoth e montam um Repetidor E-Web que requer uma crio-unidade de refrigeração externa e um gerador. 

Terminologia das Metralhadoras


Grazing Fire- LMG é posicionada de 30cm a 1,2m do solo.
Final Protection Fires (Posição de Fogo Final)- Quando o inimigo está prestes a tomas a posição e a equipe da metrlhadora é usada para impedir essa ação tanto quanto for possível.
Final Protection Line (Linha de Proteção Final) - Criar uma linha a partir do fogo de metralhadoras, criando uma "parede de chumbo".
Beaten Zone (Zona de Espacamento)- Onde os projéteis da metrlahadoras caem.
Cone of Fire (Cone de Fogo) - O caminho de saída dos projéteis impactado pelo recuo da arma.
Plunging Fire (Fogo em Mergulho) - Quando metralhadoras são disparadas de um terreno em desnível.
Traverse & Elevation Fire - Fogo transversal e de Elevação
Frontal Fire (Fogo Frontal) - A equiepe da metralhadora é colocada diretamente de frente para o inimigo, abrindo fogo de metralhadora em resposta direta ao fogo inimigo.
Flanking Fire (Fogo de Flanqueamento)- A equipe da metralhadora dispara diretamente de um dos lados (flancos) do inimigo, uma das melhores posições durante o combate.
Oblique Fire (Fogo Obliquo) - Quando a equipe da metralhadora despeja fogo no inimigo de um ângulo elevado.
Enfilade Fire (Fogo Enfileirado) -Quando o inimigo está numa fila de siga-o-líder tão perfeita que uma bala pode passar por ela de ponto-a-ponto. De acordo com um site especializado no assunto, esse é o sonho molhado de todo artilheiro.

O Futuro das LMGs





Para aqueles como nós mal podem segurar um LMG, podemos apenas imaginar como é carregar uma por milhas e horas, com o peso da arma, acessórios e as caixas de munição. Quando "a merda voa" a LMG, enquanti extremamente útil, pode não ser tão boa em peso e manobrabilidade, especialmente em condições de combate aproximado. Atento a isso, o militares estadunidenses estão priorizando o desenvolvimento de metralhadoras similares em tamanho e peso a fuzis de assalto, estranhamente voltando mais ao conceito da LMG estadunidense original o, o BAR, em algumas formas. A arma que está sendo testada e o peso leve das armas pessoais e tecnologia das metralhadoras leves, a LSAT LMG. Em 2004, os militares do EUA propuseram que os fabricante de armas projetassem uma metralhadora e munição ainda mais leves. A AAI Corporation, um divisão da Textron, criou um protótipo que foi desenhado em computador, baixando o peso da LMG em 43% da SAW padrão.



Em adição à redução de peso, enquanto mantinha o mesmo sistema de operação da SAW, surgiu uma munição mais leve também. A AAI testou duas versão da LSAT LMG, uma disparando projéteis sem estojo, do tipo testado pelos militares dos EUA desde os anos 80, e outra disparando projéteis de estojo de polímero em vez de latão. Os resultados foram promissores quando os protótipos foram testados por 20 homens do serviço militar ativo contra o Mk.46 SAW em 2011. O destino da LSAT LMG ainda é incerto, alguns o veem como tecnologia avançada de armas de fogo, e outrso que os novos tipos de munição, como as telescópicas e sem estojo. Com o tempo, o papel das LMGs deverá ainda ser o mesmo, servindo como poder ofensivo e defensivo em pequenas unidades de infantaria, e náo deve sofrer grandes mudanças a menos que o USMC aprove o uso das munições sem estojo para seu projeto de LMG. Nos últimos anos , houve avanços na tecnologia da redução de recuo, aumentando muito a precisão, diminuindo o peso e continuando a usar ambos o sistema de alimentação, cinta ou carregador.




Muito mais parecidas com fuzil de assalto, as LMG apresentam trilhos para fixação de miras, suportes e outros acessórios, bipés e suportes esportivos, entretanto, alguns artigos apontam para tecnologias experimentais de sistemas de mira computadorizados, como as Smart Guns de ALIENS - O Resgato. Com o conceito de família de sistema de armas se tornando popular, com a LMGs sendo baseadas em um fuzil de assalto base, surgiram exemplares com o desenho bullpup. É possível que um futuro próximo, LMGs usarão munição sem estojo em carregadores tipo "cassete" ou mesmo em tambores helicoidais, tipo caraco, para recarga mais rápida e grande capacidade de munição, além do típico carregador, e reduzindo mais o peso e as tornando mais compacta. Esta exploração da munição sem estojo para as LMGs faz sentido: o protótipo da metralhadora G11 pode ter 300 cartuchos calibre 4.73x33 em um único cassete, feito para recargas muito rápidas. É possível imaginar as LMG ultrapassando os tradicionais fuzis de assalto. 

Aplicações Militares Futuras das LMGs




Eu (o autor original) desenvolvi esta seção do blog certa para ajudar a escritores de Sci-Fi Militar com a incorporação de determinados conceitos para o mundo do combate futurista, e isso é fácil. Mesmo quando alcançar as estrelas, e lutar entre elas, haverá ainda uma arma de apoio, e não há obra de ficção científica militar séria que descreva o combate de infantaria se faltar alguma arma  do tipo LMG. O fato é que as unidades de infantaria, como as de hoje, irá operar em partes remotas, fora do nosso mundo, onde as condições do apoio de fogo pesado precisam estar disponíveis de imediato, e poderia ser uma metralhadora leve ou algo semelhante. Para o seu plantel futuro de marines badass ser crível, eles vão precisar de algumas metralhadoras, mesmo que disparem plasma, raios laser da morte, ou discos de hóquei alta velocidade, é necessário que haja uma arma de apoio. E, por favor, pelo amor dos Senhores de Kobol, não siga o exemplo Killzone e monte um lançador de foguetes de fragmentação sob a sua metralhadora!

Sistemas de Alimentação


Cinta de Cartuchos (cinta de balas)



A mioria das LMG usadas hoje, das mesma maneira que suas primas mais pesadas, usa cintos de munição de elos desintegráveis. A cinta de elos desintegráveis é a preferida como método pela grande capacidade de munição, possibilitar rajadas longas e causar menos emperramentos que os sistemas de carregador. Originalmente, estas cintas era feitas de tecido grosso, brim ou lona. possibilitando que esses cintos fossem recarregados. Ao contrário das versões iniciais da munição lincada, hoje os elos se quebram quando o estojo é ejetado, então a munição já tem sido fabricada com os elos, fazendo com que vários membros do esquadrão carreguem munição extra em seus pacotes de equipamento. Atualmente, os EUA estão experimentanto um sistema de alimentação por mochila... Predador? Rock`N Roll? Heavy Duty? Vemos essas mochilas desde os anos 80 e só agora os caras a testam em campo? Vai entender...

Alimentação por Carregador




Menos popular é o método de alimentação por tambor ou carregador beta-c, seja no layout tradicional ou bullpup. É o mais usado em LMG variantes de famílias de fuzis de assalto, como o SCAR, XM8, G36, Steyr AUG e SA80. Alguns acreditam que esta é forma mais portátil de LMG e a mais fácil para os soldados usarem dada a similaridade com os fuzis de assalto. Entretanto, em emperramentos são uma desvantagem além adicionar mais peso e diminuir a capacidade, enquanto o maior carregador suporta 100 cartuchos enquanto uma cinta de balas tem 200.

Alimentação por Cassete


Durante o desenvolvimento do G11, fuzil sem carregador para o Exército da Alemanha Ocidental, a Hecker Und Koch criou duas variantes da a arma principal: a pistola G11 PDW e a metralhadora H&K, visionando uma LMG que pesaria menos de 7kg com uma caixa de 300 cartuchos sem estojo em calibre 4.73x33mm. Com poucas partes de informação nós temos uma LMG variante do G11 que seria carregada via uma caixa cassete na parte de trás da arma fazenda dela um semi-bullpup, o que tornaria a LMG11 umas das mais rápidas armas, no quesito recarga, no negócio de metralhadoras leves. Em adição à recarga rápida, o cassete seria mais leve que uma caixa de munição 5.56mm, além de ser mais fácil de transportar. O cassete de alimentação para LMG poderia ser o melhor sistema, contra os métodos tradicionais mencionados acima e poderia levar governos a adotar LMGs alimentadas somente por cassetes.



Infelizmente, há pouca informação sobre a LMG11, inclusive se houve um protótipo funcional para disparos. David, um dos consultores do FWS (blog com a matéria original que nos serviu de base), lembrou que havia um cordão que atravessava a munição de cartucho sem estojo, para atuar como um cinto, alimentando as disparos, e este cordão saia pela seção dianteira da arma.

Quanto aos G.I.Joes...


Vários são os integrantes do G.I.Joe que portam LMGs ou GPMGs ou mesmo HMGs. Desde os primeiros 13 personagens, temos o Rock`N Roll, com uma arma que era um misto de M60 e MG42 que nunca conseguimos identificar realmente o que era. Quando sua versão 2 surgiu usava duas mini-gatling guns, legais mas absurdas. 



Na minha versão custom optei por usar uma M60E3, versão mais moderna da tradicional M60, em cal. 7,62mm OTAN. Ela se destaca por ser mais curta que a original e ter algumas melhorias no mecanismo de disparo que reduz as falhas mecânicas. Ainda tem o sistema de troca rápida de canos para evitar o super-aquecimento e a cinta de balas pode ser acondicionada em uma caixa lateral envolta em lona mais pratica para alimentação, que muitas vezes pode ser presa ao cinto NA para reduzir o esforço de carregar a arma em longas caminhadas.

A M60E3 e a M60E4 hoje são usadas mais por Forças Especiais, como os SEALs e outra unidades, como a Força Delta, e são preferidas pela força adicional do calibre 7.62mm comparado com o 5.56mm usado na Minimi M249. 

O novo padrão de camuflagem do tipo digital adotado pelo US Army foi a inspiração para a pintura da figura, incluindo algumas ideias de equipamento usado atualmente nos teatros de operação onde os EUA atuam atualmente.



Depois tivemos Roadblock, que em sua versão 1, estava armado com sua M2 Ma Duce  Browing .50. Uma metralhadora pesada que pelo peso da arma e da munição só se usa em reparo tipo tripé, sobre veículos ou posições fixas, por conta de seu calibre antiaéreo. 

Sua versão 2 veio com algo um pouco mais plausível, uma FN MAG, também em calibre 7,62mm, essa sim uma autêntica metralhadora de uso geral. 

Ambas as versões traziam tripés, o reparo mais adequado para esse tipo de arma. 

Para a versão custom, optei pela versão estadunidense da FN MAG, a M240, hoje a padrão como metralhadora de uso geral que substituiu grande parte das M60 do US Army.

A escolha de um camuflado urbano veio por conta da escolha de cores da figura original, onde a calça cinza e o tipo de colete tem um apelo urbano mais claro do que um tendencia ao combate em selva para era esperado na época da criação da figura, além de o combate urbano aproximado é tido como a tendencia do combate moderno, quando se prevê que os conflitos futuros, conforme as recentes contendas confirmam, se darão por ruas e ocupação casa-a-casa de unidades urbanas.

O personagem Pathfinder se apresentava originalmente como um combatente de selva e trazia duas metralhadoras inspiradas na M1919 refrigerada à ar, em cal .30-06. Essa arma, embora eficiente e visualmente apelativa, está em desuso há muitos anos e, embora já incuta a ideia de alimentação por fita direta de uma mochila, não parecia a maneira mais prática de se trabalhar o ofício. 

Para versão custom pareceu melhor usar uma arma mais moderna, por isso uma versão marauderinc do Vltor TS3 curta com com carregador do tipo tambor pareceu mais visual, incluindo a pintura da própria arma para o ambiante de operação. A camuflagem da figura ficou melhor no tradicional, puxando levemente para o tigrado da LRRP do período do Vietnã.

E o último metralhador que produzi foi o próprio Heavy Duty.

Originalmente, a figura trazia um conjunto de armas totalmente fora da realidade de uso, com um conjunto de armas que parece com duas metralhadoras pesadas DShK e uma minigun M134 e suas devidas caixas de munição e mais dois lançadores de mísseis. Tal conjunto de armas além de pesadíssimo, não poderia, de forma alguma, ser utilizado de forma eficaz por um único elemento de infantaria. Difícil de mirar, de transportar e municiar, seria um pesadelo logístico ambulante, caso pudesse ser levantado do chão. 

Dessa forma, optei por datá-lo com uma Minimi M249 com a devida coloração em apoio a uma gatling gun. Embora a Gatling Gun seja pesada e elétrica, precisa de uma bateria pesada para ser acionada, pareceu mais estético que o modelo original. 






Tuesday, January 29, 2013

A Lógica Invertida de Spielberg


A Lógica Invertida de Spielberg

Louis Menand
Especial para o “NYR of Books”
Publicado no Jornal “Folha de São Paulo” no Caderno Mais! Em 11 de outubro de 1998
Louis Menand é professor da Universidade de Nova York
Tradução de Luiz Roberto Mendes Gonçalves






            “O Resgate do Soldado Ryan”, de Steven Spielberg, é a história de oito soldados estadunidenses que, depois de sobreviver ao desembarque no Dia D na praia de Omaha, recebem ordem para encontrar um soldado, Ryan, que saltou de pára-quedas durante a invasão e está perdido na Normandia.
            Ryan é o caçula de quatro irmãos; os outros três morreram em combate. O Exército quer descobrir se o rapaz está vivo e, se estiver, levá-lo de volta para a sua mãe. A patrulha de resgate se mete em situações complicadas, mas encontra o homem e, apesar de sofrer terríveis baixas, consegue matar alguns alemães pelo caminho.
            Não há nada incomum nessa história. É, talvez, a trama mais simples e verdadeira que o homem conhece: salvar uma vida. É um enredo que garante derreter os mais empedernidos: a garotinha retirada viva do poço, a libertação de reféns, a absolvição do inocente no último instante. É Cristo ressurgindo dos mortos. Na há público que resista. Pode-se sair do cinema revoltado com o descaramento da coisa, mas é impossível se livrar do nó na garganta.
            Existe  quase um consenso de que “O Resgate do Soldado Ryan” não é um filme convencional. Tem sido considerado uma espécie  de inovação entre os filmes de guerra, tão diferente de realizações que já foram elogiadas pelo seu realismo – como “Platoon”, de Oliver Stone, e “Gallipoli”, de Peter Weir – , que esses filmes nem mesmo são citados como pontos de comparação.
As pessoas concordam que a história é um pouco inverossímil, mas afirmam que o tratamento dado por Spielberg não é inverossímil. Dizem que ele nos mostra, como se fosse a primeira vez, a guerra sem pieguice ou exageros patrióticos, que substitui a violência dos efeitos especiais exagerados por uma imagem verídica do horror e da desumanidade da violência organizada. Essa opinião baseia-se principalmente em duas cenas, uma logo no início do filme e outra perto do final. “O Resgate do Soldado Ryan” começa com uma tomada da bandeira estadunidense, seguida de uma cena curta, passada na atualidade, em que vemos um veterano visitando um cemitério militar na Normandia.
Então, com um corte que sugere estarmos dentro dos pensamentos desse homem, retrocedemos no tempo para o Dia D e uma reencenação de 20 minuto do desembarque  na praia de Omaha. Isso introduz à história do Soldado Ryan, cujo clímax é outra cena de 20 minutos de combate entre soldados estadunidenses e uma unidade de tanques alemães. Depois voltamos ao presente e ao nosso veterano, cuja identidade, agora, conhecemos. Chorando, ele faz continência para uma lápide. Repete-se a imagem da bandeira estadunidense.
As cenas de batalhas, como todos concordam, são virtuosismo cinematográfico. A segunda é um tanto sobrecarregada de incidentes: os personagens já estão totalmente desenvolvidos, por isso não podem ser mortos com demasiada casualidade. Mas a primeira seqüência, na praia de Omaha, não conhecemos os personagens, e a casualidade, o caráter aleatório, da violência é precisamente o que a torna terrível. Enquanto as balas atingem a areia ao seu redor, um homem procura numa pilha de corpos o seu braço decepado, encontra-o e vai embora; um soldado tira o capacete depois de escapar de uma refrega, mas no instante seguinte um tiro lhe arranca o topo do crânio. Em “O Resgate do Soldado Ryan” não vemos homens que simplesmente morrem; os vemos sangrar até a morte, gritando por suas mães, com intestinos espalhados sobre a areia.
Nisso Spielberg é um verdadeiro mago. Suas imagens tem uma rara nitidez visual e aural, quase uma hiperclareza – são iguais à vida, com iluminação melhor. As imagens nunca representam a confusão sendo confusas, e, mesmo quando o ruído é quase ensurdecedor, como nas cenas de batalha em “Soldado Ryan”, os sons que o compõe são identificáveis.
O desembarque na praia de Omaha lembra o afogamentos do africanos em “Amistad” ou a destruição do gueto em “A Lista de Schindler”. Dá-nos a sensação de estar presenciando algo que não deveríamos, algo assombroso e indelével. Mas não representa a transcendência dos efeitos dos efeitos especiais. Representa sua consumação. É o triunfo da técnica. Isso não pretende reduzir a obra, e sim lhe dar a devida proporção. Spielberg quis atingir um grau de realismo excepcional em ^Soldado Ryan” e conseguiu por meio de elaborados efeitos especiais (que outra coisa poderia usar?).
Mas a serviço de que ideia?  O que o filme nos diz sobre a guerra? Que é hedionda. E também que é nobre e necessária. A opinião geral de que “Soldado Ryan” transmite repulsa pela guerra porque contém imagens revoltantes me parece inverter a lógica do filme. Sempre pensei que o que torna a guerra repulsiva não é a possibilidade de ser ferido ou morto; é a possibilidade de ferir ou matar outra pessoa. A guerra é excepcionalmente terrível não porque destrói seres humanos, que podem ser destruídos aos montes de outras maneiras, mas porque transforma os seres humanos em destruidores.
Há várias mortes revoltantes em “Soldado Ryan”, mas são todas elas mortes estadunidenses. Quando os alemães são atingidos, caem como pinos de boliche e não levantam. As mortes deles são mortes de cinema. E, quanto mais agônico é o sofrimento dos estadunidenses, mais nos alegramos ao ver a chacina dos alemães. O realismo apenas intensifica o entusiasmo.
Duvido que fosse a intenção de Spielberg, e a disjunção entre o objetivo e o resultado revela o maior problema do tipo de filme que ele deseja fazer hoje. Ele quer que o público vivencie, quando está habituado meramente a reagir. Ele quer dar o seu testemunho numa mídia feita para diversão da massa. A incongruência sobressai na diferença entre a reação da maioria dos críticos a “O Resgate do Soldado Ryan” e a reação dos expectadores pagantes. Os críticos costumam assistir a filmes em salas especiais. É como assisti-los numa igreja. Todos estão concentrados; ninguém se levanta para comprar pipoca ou procura balas na bolsa. O público dessas salas não reage ao filme.
Mas o dos cinemas sim. Vi “Soldado Ryan” numa grande sala no centro de Manhattan, num sábado à noite, um dia depois da estréia, com cerca de 200 pessoas. Não eram espectadores desavisados, em busca de emoções baratas. Haviam lido críticas, estavam preparados para serem influenciados.
Na metade do filme há uma cena em que um membro especialmente simpático da patrulha de resgate (na verdade são todos simpáticos) se esvai em sangue, com evidente sofrimento, durante o ataque a um ninho de metralhadora alemão, perdido num campo francês. Depois que o soldado morre, seus companheiros correm até a posição inimiga e espancam o único sobrevivente alemão, que tenta freneticamente se render. Um tímido interprete que acompanha a patrulha e nunca havia visto um combate se opõe histericamente àquela brutalidade. “O que é isso?”, ele grita aos companheiros estadunidenses enquanto o apavorado alemão choraminga. “Isso se chama guerra”, disse o homem sentado à minha direita (que antes estivera chorando) para ninguém especial. Mais adiante o interprete se vê confrontado com a possibilidade de matar um soldado alemão. “Mate-o”, gritou uma mulher na platéia à minha frente, expressando claramente o sentimento de toda a casa.
Isso não significa que “Soldado Ryan” seja pior que a maioria dos filmes de guerra de Hollywood, em que os heróis matam os bandidos, sob nosso aplauso, e morrem por causas justas, para nosso pesar. Significa apenas que, nesse sentido, “Soldado Ryan” em nada difere da maioria dos filmes de guerra de Hollywood. Os heróis de Spielberg, liderados por Tom Hanks, são mais palpáveis e suas mortes são, por assim dizer, mais verídicas.
Mas, apesar de sua maneira naturalista, são quase exagerados quando o coronel de Robert Duvalll em “Apocaliypse Now” que voa para a batalha escutando “A Cavalgada das Valquírias’ e exprime seu desprezo pelo inimigo com a fala – uma das mais cinematográficas de todos os tempos – “Charlie don’t surf”. Não há menos ambigüidade em “O Resgate do Soldado Ryan” do que havia em “O Mais Longo do Dias”.
Para ser justo, os cineastas realmente se esforçam. A história do soldado Ryan pretende levantar a questão ética: está certo arriscar oito vidas para salvar uma? A patrulha discute essa questão até certo ponto. Mas quão complexa ela pode ser? Se os soldados não lutarem pela “mãe”, lutarão por quê? Nenhum dos homens realmente acredita que sua missão seja fútil, e o roteiro não seria verossímil se deixasse dúvida nesse sentido. Quando não estão falando da guerra, eles conversam sobre suas famílias e suas mães – que, obviamente, é a forma pela qual compreendem a importância maior de sua missão. Lutar para devolver o único filho que resta a uma mãe atormentada é mil vezes mais concreto do que lutar para libertar a França e 10 mil vezes mais favorável à emoção cinematográfica.
Se os soldados conseguirem libertar alguns franceses durante a missão, tanto melhor. Mas o que significa a França para eles ( e para nós, nessa caso?). O que a França é para uma mãe?
Havia maneiras de fazer a história do soldado Ryan ter algum peso moral plausível. Uma seria ter feito de Ryan, quando finalmente é encontrado, um personagem de proporções menos admiráveis. Nesse filme, evidentemente, ele é tão inocente e nobre que recusa a oferta de voltar para casa; comovido pela notícia sobre seus irmãos, decide ficar e enfrentar a morte ao lado dos camaradas. É esse tipo de filme. A possibilidade de que Ryan pudesse ser um objeto indigno de coragem e sacrifício nunca foi cogitada, é claro.
A outra opção seria fazer da missão um produto de corrupção de calculismo – colocar os soldados na condição de ter de fazer a coisa certa pelo motivo errado, fazê-los sofrer e morrer para algum general vaidoso ou ambicioso burocrata no quartel-general subisse na carreira. Essa possibilidade é tão óbvia que os realizadores de “Soldado Ryan” parecem ter feito questão de recusá-la.
O conflito entre soldados e oficiais é uma constante nas histórias de guerra, assim como o conflito entre delegados e detetives é uma constante nas histórias policiais. A coragem das pessoas na linha de gente é realçada pelo egoísmo e incompetência das pessoas que os comandam. A dramatização desse conflito é perfeitamente compatível com certo estilo de patriotismo – é a única premissa nos filmes de Rambo. Quando Tom Hanks, no início do filme, re refere à missão como um exercício de relações públicas, está demonstrando o exato grau de cinismo que se espera de um duro e honrado capitão do Exército. Mas não passa disso, nem o poderia sem prejudicar a força de seu personagem. Porque já sabemos que surgiu a idéia da missão e que não envolvia qualquer cinismo.
Essa parte do filme me parece superar Capra. Uma funcionária pública em Washington, chefe da equipe que datilografa cartas para as famílias anunciando a morte de seus entes queridos na guerra, percebe que havia enviado três cartas para a mesma Sra. Ryan (que, é claro, mora em uma fazenda em Iowa). A supervisora civil informa seu superior de uniforme, que informa seu superior de uniforme (e sabemos que não se trata de um burocrata porque lhe falta um braço), e ambos avisam ao chefe do Estado –Maior do Exército, General George C. Marshal em pessoa, com a respeitosa recomendação de que o sobrevivente do jovens Ryan seja localizado e removido do combate.
O general concorda. Um assessor começa a resmungar que “não se pode parar uma guerra por causa de um soldado” e assim por diante, mas o grande homem ergue a mão. Vai até sua mesa, pega uma carta que por acaso acabara de enfiar num livro e começa a ler. É uma carta grave e comovente para uma mulher cujos cinco filhos morreram em combate. No meio da leitura, Marshal pousa a carta e recita de cor  as frases finais e diz o nome do signatário: Abraham Lincoln. E assim, engolimos um grande, um enorme anzol.
A Segunda Guerra Mundial foi a luta contra um mal que não precisamos pintar em tons de cinza, mesmo que se deseje retratar individualmente combatentes inimigos, e os estadunidenses que nela morreram merecem nossa reverência. Mas aqui não estamos julgando a Segunda Guerra Mundial; estamos julgando um filme. Desde que Spielberg optou pela seriedade, em “A Lista de Schindler”, ele vem trabalhando numa espécie de terra de ninguém entre o entretenimento e a arte.
Os grandes espetáculos de Hollywood sobre temos históricos quase sempre foram manipuladores e não demonstram muito embaraço a esse respeito. Os cineastas procuram instigar o público porque o público quer ser instigado. Ele quer torcer, chorar e comprar pipoca. O sentimentalismo é um pressuposto dessa experiência e, embora detalhes omitidos e os clímax forjados possam ser de uma desonestidade irritante, na verdade são a manifestação de uma honestidade mais profunda.
Lembram-nos que estamos sendo iludidos porque fomos buscar distração; portanto não estamos sendo enganados. E, não raro, apesar da ilusão e da pieguice, brota desses filmes algum tipo de verdade, mesmo que seja a que vislumbra de tanto ver nossa realidade falsificada. Mas essa verdade nunca é um sentimento moral explícito. Esse sentimento é mera adulação: o que as platéias querem ser levadas a pensar é o que já pensam. Ninguém veio em busca de polêmica.
Uma ambição da arte é fazer as pessoas pensarem o que não pensavam, ou o que já pensavam sem realmente se dar conta, e o grande problema de Spielberg como cineasta é que ele jamais permite que seu público pense. Só permite que ele sinta. Parece insistir que é o único entre todos os diretores de Hollywood que faz justiça a seus temas, mas que não pode simplesmente os apresentar de graça.
Ele exige nossa constante cumplicidade emocional em troca de sua fidelidade. Parece acreditar que, caso deixe o anzol escapar por um segundo de nossas bocas, teremos a idéia errada sobre os nazistas ou a escravidão. Ele não deixa nada ao acaso. Põe música por trás de tudo. Se conseguisse respeitar um pouco menos seus temas ou um pouco mais seu público, faria filmes melhores.

Monday, January 28, 2013

A Materialidade do Medo


A Materialidade do Medo

Mario Vitor Santos
Publicado no Jornal “Folha de São Paulo” no Caderno Mais! Em 11 de outubro de 1998


No início e no fim de “O Resgate do Soldado Ryan”, o ex-combatente James Ryan (Matt Damon) visita, nos dias atuais, o túmulo do Capitão Miller (Tom Hanks), comandante morto na missão que dá título ao filme. À distância, intrigada, a família – mulher, filhos, netos – parece incapaz de entender o choro compulsivo, incontrolável de Ryan.
A cinde a tela: de um lado, os Estados Unidos, passivo, infantil e parvo, que nunca foi bombardeado ou invadido, a opinião pública que decide e dá apoio às ações estadunidenses no exterior. Do outro, os Estados Unidos que sobrevivei à Segunda Guerra Mundial, ainda em choque diante dos horrores daquele conflito, traumaticamente transformado por ele, como a Europa. Dois mundos que não se comunicam...
Parte da crítica internacional recebeu o filme com reservas, alegando que ele passa uma ideia arrogante, historicamente incorreta, de que só os estadunidenses entraram na campanha. É questionável, porém, se seria correto continuar classificando de “estadunidenses”, no sentido estrito, os soldados que entraram no corpo-a-corpo da guerra na Europa, da África e do Pacífico.
Os Estados Unidos inocente saudou o “Resgate”. Spielberg recebeu do Exército a mais alta medalha militar que um civil pode merecer. Apesar disso, o filme, especialmente em sua primeira hora, rompe o cordão sanitário criado em torno da guerra pelos oficiais de relações públicas do comando estadunidense.
São raras as descrições da Segunda Guerra que guardam a mínima correspondência com a crueza de um combate. O “Resgate” é dos poucos filmes a tratar do assunto com realismo, conferindo ao medo uma materialidade extrema. É uma obra dos sentidos, da visão, da audição (ou da surdez) e até do tato e do olfato.
O filme trafega da monumentalidade do horror, nas sequências das pilhas de corpos e partes de corpos no desembarque da Normandia, ao tédio e ignorância dos soldados, sua solidão e privações e a falta de sentido de suas ações.
No “front interno”, durante e depois da guerra, sua experiência era contada de maneira sistematicamente falsa e adocicada, para sempre deformada pela publicidade otimista.
Naquele que talvez seja o melhor livro já escrito sobre o assunto, “Wartime – Understanding na Behavior in the Second World War” (Tempo de Guerra – Entendimento e Comportamento na Segunda Guerra Mundial, Oxford University Press), o escritor e ex-tenente estadunidense Paul Fussel, participante do ataque na Normandia, trata da inocência em que o público era mantido em relação aos danos bizarros que a guerra causa aos corpos dos soldados.
Esperava-se que o corpo humano fosse atingido por balas e bombas, mas o alheamento era tal, lembra Fussel, que não se concebia que s soldados pudessem ser feridos, algumas vezes mortos, ao sofrerem o impacto violento de partes dos corpos de seus amigos retalhados por uma explosão.
Na era do eufemismo, as tropas aliadas raramente eram mostradas como vítimas de amputações traumáticas, apesar de os formulários individuais dos combatentes trazerem, junto aos dados como nome, idade e endereço, o espaço destinado a informar “membros perdidos’.
Nos combates, como nos acidentes aéreos, a visão das entranhas é muito mais familiar do que se imagina, ou se imaginava, antes da primeira hora do filme de Spielberg. Depois de edulcorar a Segunda Guerra por mais de cinco décadas, Hollywood afinal consegue encarar a verdade.
Truques de publicidade como os que adocicam a realidade dos conflito poderiam ter se repetido na Guerra do Vietnã caso a televisão e um jornalismo destemido e livre da censura não existissem.
O filme é atual porque as guerras recentes tentam retornar algumas teses da Segunda Guerra Mundial. Na Guerra do Golfo (aprofundando algo que já havia sido ensaiado na invasão do Panamá), o Estado-Maior estadunidense e “aliado” logrou reassumir o controle perdido das informações no Vietnã.
O comando restringiu o acesso dos jornalistas ao conflito, bloqueou imagens realistas, difundiu de novo a noção, comum no início da Segunda Guerra, de que os ataques de “bombas inteligentes” podem produzir impactos precisos, que aniquilam exclusivamente soldados inimigos, mantendo os próprios soldados a distância segura de qualquer perigo.
Apesar de suas referências e cunho patriótico, “O Resgate do Soldado Ryan” anima futuros objetores de consciência. Talvez o Exército estadunidense tenha se precipitado em dar uma medalha ao diretor hollywoodiano.
De acordo com Paul Fussel, os Estados Unidos até hoje não entendeu como foi a Segunda Guerra Mundial e por isso tem sido incapaz de usar esse entendimento para reinterpretar e redefinir a realidade nacional e assim chegar a alguma coisa próxima do que seja a maturidade pública.
Nas cenas do cemitério, o ex-soldado Ryan pode estar chorando pelo que passou na guerra, pelo sacrifício dos homens que o salvaram, mas talvez chore também por saber que, daquele inicático encontro dos EUA com a dor, da solidão daí decorrente, ele jamais será resgatado.

Um Campo de Sangue


Um Campo de Sangue

Charles Weeler
Para o “The Independent on Sunday”
Publicado no Jornal “Folha de São Paulo” no Caderno Mais! Em 11 de outubro de 1998
Tradução de José Marcos Macedo



Será que a chaga à praia de Omaha aconteceu mesmo como Spielberg descreveu? Tem fundamento a legação de que o diretor contou a história como ela realmente ocorreu? Em termos gerais, sim. Eu esperava, porém, que um cineasta na posse de recursos tão vultosos pensasse ser interessante dar algum contexto a sua história do desembarque, contando-nos não apenas o que aconteceu, mas a razão. Por que, por exemplo, foi necessário desembarcar tropas naquele exato ponto da costa?
A resposta, curta e grossa, é que os mentores do Dia D, não tinham escolha. A praia que foi apelidada de Omaha era a única brecha em 32km de penhascos que separavam as três praias inglesas e canadenses, a leste, as segunda praia estadunidense, Utah, no extremo ocidente da área de invasão. Sem Omaha, a distância entre os dois exércitos aliados teria convidado os alemães a contra-atacar, o que poderia repelir a invasão e prolongar a guerra na Europa por mais alguns anos.
A topografia de Omaha era ideal para a defesa. Nos dois extremos, os penhascos eram quase perpendiculares. Na maré média, um trecho de areia firme conduzia a uma saliência de seixo pesado, instransponível por veículos, e a um quebra-mar de 4,5m de altura, crivado de arame farpado. Transpondo o muro, havia uma estrada calçada, um profundo fosso antitanque,  um trecho de pântano  e uma subida íngreme até uma rede de trincheiras, em terreno elevado.
Uma combinação mortal de defesas naturais e artificiais fez de Omaha um campo de mortandade. O marechal-de-campo Rommel, que planejara a construção de um Muro Atlântico alemão desde janeiro de 1944, abastecerá Omaha com o maior número de obstáculos aquáticos de toda a costa da Normandia, a começar por um labirinto de estacas minadas e obstáculos angulares de aço para atuar como barreiras aos tanques e veículos de desembarque. Dominando a praia, e posicionadas para varrer cada centímetro quadrado de baixios, areia e seixos com fogo cruzado, estavam armas de 88mm e 75mm em casamatas de concreto, 38 barreiras de foguetes, seis poços multicilíndricos de morteiros e não menos que 84 ninhos de metralhadoras.
Quatro desfiladeiros formavam saídas da praia. No Dia D, eles estavam minados, eriçados de arame farpado e protegidos por 35 casamatas com soldados de infantaria armados de rifles, granadas e metralhadoras. Atiradores de elite jaziam escondidos, em intervalos. E havia mais defesas continente adentro.
No dia, parte do plano falhou e o resto não funcionou. O bombardeio naval foi muito breve e impreciso para propiciar ajuda significativa. A força aérea, temendo atingir os veículos de desembarque a meio caminho, lançaram suas bombas em campos até 8km para o interior, matando vacas em vez de soldados alemães. O almirante, preocupado em não ancorar seus navios dentro do alcance da artilharia alemã e ignorando o mar revolto e a falta de proteção contra o mau tempo, lançou seus veículos de desembarque a 30km da costa, forçando as tropas a suportar uma travessia inconcebivelmente ingrata e, por si só, subjugante, até a praia.
Embarcados na escuridão, às 3h, dez carregamentos, cada um com 300 homens, fizeram água e afundaram; 26 armamentos pesados foram direto para o leito do mar em seus veículos anfíbios, chamados de DUKWs. De 32 tanques anfíbios designados para uma divisão estadunidense, com ordens de abrir caminho para a saída da praia, 29 foram a pique. Sua perda aumentaria em centenas o número de mortos.
À espera dos estadunidenses não estava uma única divisão de segunda classe, como os mentores esperavam, mas duas. Ignoradas pela inteligência aliada, novas tropas da frente russa, tendo chegado à costa apenas alguns dias antes, haviam acabado de realizar exercícios anti-invasão. Quando a primeira linha de veículos de desembarque atingiu águas rasas, os defensores abriram fogo, matando inúmeros estadunidenses cruelmente mareados antes mesmo de poderem desembarcar.
Soldados de infantaria, com até 30kg de equipamentos nas costas, saltaram em águas profundas e se afogaram. Minutos depois, a praia era uma mixórdia de veículos de desembarque destroçados, carros de assaltos encalhados e homens feridos e moribundos. Uma guarnição perdeu 96% de seu efetivo antes de disparar um único tiro.
As defesas de Omaha eram simplesmente muito fortes para as forças enviadas contra elas, e muitos daquelas que alcançaram o topo da praia, suas armas perdidas ou emperradas com areia, amontoaram-se contra o quebra-mar durante horas, sem líder e em estado de choque. A coisa piorava à medida que sucessivas ondas de soldados da infantaria eram abatidas.
Dois fatores salvaram o dia. Um par de destróieres aproximou-se o bastante pra roçar a areia e disparar a queima-roupa nas fortificações alemãs. E alguns homens valorosos, notando ser impossível bater em retirada, reagruparam em número suficiente de companheiros para lançar um ataque aos postos elevados e atacar as posições inimigas pela retaguarda. À tarde, apesar dos reveses, fora feita uma cabeça-de-ponte.
E aí voltamos para “O Resgate do Soldado Ryan”, cortando a imagem dos soldados em paz eterna sobre a praia de Omaha para Washington, onde o General George Marshal, chefe do Estado-Maior do Exercido dos Estado Unidos, descobriu que três irmãos foram mortos em ação com intervalos de poucos dias, enquanto um quarto, esperava-se que ainda vivo, James Ryan, está em algum lugar na Normadia, desembarcando na França por sua divisão aérea. Marshal ordena uma missão de resgate.
Esse expediente é francamente inacreditável. Pode-se imaginar que uma mensagem de rádio ao comandante de Ryan – para qualquer unidade a que o soldado Ryan, se perdido, poderia estar agregado – seria o suficiente. Mas isso teria acabado com todo romantismo do roteiro.

Tuesday, January 22, 2013

As coisas como deveriam ser - Parte 1 - Blowtorch

Lança-chamas M2-2 com sua caixa
A arma: lança-chamas

     Reinaugurando as postagens no blog, transfiro para cá minha série As Coisas Como Deveriam Ser.
     Várias figuras lançadas tanto no Brasil quanto nos EUA, só no Brasil ou só nos EUA, concordamos que poderiam ser melhores. O Blowtorch é um bom exemplo: quem quer em campo de combate, selva, urbano deserto ou ártico, um soldado de parece um alvo com todo esse amarelo e vermelho? Céus, o cara é uma marca no campo de batalha!
     E vale lembrar que na Segunda Guerra Mundial esse caras com o tanque de combustível nas costas era alvos preferenciais, pois levavam vários companheiros quando explodiam em campo. Eram chamados de Zippo, em homenagem ao isqueiro.
     O uso do fogo como arma é tão antigo quanto sua descoberta, embora muitos afirmem que isso seja somente especulação. No entanto, flechas flamejantes, fogo grego, e tantos outros artefatos incendiário são constantemente descritos historicamente. 
"Aparato Portátil de Trincheira" da Primeira Guerra Mundias, também conhecido como "Protetor de Chamas" ou Lançador de Chamas". Esta foto aprensenta muitos pontos interessantes, a destacar: 1) Os dois pontos de spray estão em posições opostas, sigificando que a peça toda era colocada dentro ou sobre a trincheira; 2) Não há uma garrafa de pressão visível; 3) a vara e a mangueira são muito pequenas para uma descarga adequada; 4) Os tanques são extremamente grandes e provavelmente muito, muito pesados quando carregados; 5) as mangueiras de descarga à esquerda e à frente do operador tornam impossível escalar e muito difícil andar. Foto AMCCOM Historical Office, American University.
     Os primeiros lança-chamas foram testados por ingleses e alemães na Primeira Guerra Mundial. Mas somente durante a Segunda Guerra Mundial a tecnologia estava realmente disponível, e em cenários adequados, para que um lança-chamas fosse realmente útil como arma de infantaria. 
Teste de lança-chamas pelo Exército do Império Alemão, 1901
     Nas verdade, os alemães começaram a desenvolver os lança-chamas antes do início do conflito de 1914, desenvolvendo e usando muitos modelos. Os lança-chamas foram desenvolvidos como armas de choque para quebrar e penetrar o sistema defensivo de trincheiras. As tropas de choque  empregavam os lança-chamas em conjunto com granadas e armas automáticas, como uma prévia do que seria uma ataque de Blitzkrieg da Segunda Guerra Mundial. Seu primeiro uso data de 1915 pelo Exército Imperial Alemão. Os testes remontam a 1901.
     Dessa forma, é natural que tal arma tivesse feito parte de arsenais de todos os lados na Segunda Guerra Mundial, embora já no começo a experiência anterior tenha munido os alemãs com excelentes modelos de lança-chamas e tropas muito experientes no seu uso.
Lança-chamas M1
Lança-chamas M2-2


     No entanto, os estadunidenses foram seus mais notórios usuários, principalmente na campanha do Pacífico, onde era o método preferencial para desentocar os combatentes japoneses de bunkers quando este insistiam em não sair de lá. É fato, no entanto, que os soldados estadunidenses não pediam muitas vezes para que os combatentes japoneses saíssem ou quiça esperassem muito tempo para fazer logo seu trabalho e ir para o próximo bunker. Foi um período de crueldade de ambos os lados.
Lança-chamas M2A1-2 - Réplica usada em encenações.
     Os EUA não desenvolveram lança-chamas na WWI e nem no período entre guerras, sequer fizeram pesquisas até sua entrada na WWII. Até esse ponto, a Kincaid Fire Extinqisher Co teve 90 dias para desenvolver o M1. Este foi um enorme fracasso, e foi feito um grande investimento em pesquisa e desenvolvimento do segundo modelo, o M2. O M2 acabou sendo o mais marcante lança-chamas do conflito, ainda mais pelo M2-2 ter sido pesquisado e desenvolvido em um período de tempo tão curto pela indústria, universidades, ramos do Exército e várias características foram copiadas de outros países. Muito da informação necessária para compilar toda a história do desenvolvimento se dispersou e foi perdida. Cada um dos poucos livros sobre lança-chamas requerem esforço monumental para recriar a informação.
     Mas voltando ao teatro de operações do Pacífico, foi somente lá que os Marines, encontrando um inimigo altamente determinado e entrincheirado, que o lança-chamas se mostrou a arma mais efetiva para o terreno e o uso tático a que se destina. Os Marines rapidamente desenvolverem a técnica e as táticas de uso, e seu uso foi um sucesso contra os japoneses.
     Na Europa, as distâncias de combate eram muito maiores e com menos vegetação que pudesse ser usada para se esconder. O alcance curto do lança-chamas (o M1 atingia 15 metros, o M2-2, 20 metros), mesmo tendo modelos que podiam ser montados em veículos, o lança-chamas era usado em casos isolados e ficava na retaguarda até que tais casos surgissem. Surpreendentemente, próximo ao fim da guerra, o General Patton descobriu que quando um bunker ficava cercado e um tanque lançava uma pequena rajada de chamas do lado de fora, o alemães se rendiam em massa, diferentemente dos japoneses.

Lança-chamas M3, peça montada em tanques Sherman e Stuart .
Lança-chamas M9-7, com disparador tradicional



Lança-chamas M9-7, com o disparador tardio.
     Os lança-chamas tiverem algum uso na Guerra da Coréia e foram reformulados para serem utilizados, onde o modelo era o M2A1-2, uma versão melhorada do que usavam na WWII. 
   Durante a Guerra do Vietnã surgiu o modelo M9-7, com várias modificações e ampliação do alcance, mas no começo usavam o M2A1-7, que era uma melhoria do M2A1-2 usado na Coréia.
M202 Flash

M202 Flash
     O M9-7 foi o último modelo de lança-chamas em uso no US Army, pois em 1978 eles foram aposentados e substituídos pelo M202 FLASH, um lançador de foguetes incendiários que você deve ter visto no filme Comando Para Matar, com o velho Arnold. Dessa forma, sabe-se que qualquer uso militar por parte dos EUA de lança-chamas depois 1978 é apelo de Hollywood. Vale ressaltar que a aposentadoria desse tipo de arma se deve mais aos cuidados com a opinião pública sobre os danos causados pelo combustível usado, um tipo de napalm, que adere à pele e queima até se extinguir o combustível, do que realmente uma preocupação com o bem estar do soldado que porta o armamento, sendo esta última a razão oficial para findar a carreira de tal armamento no US Army: preservar os soldados do uso de tão perigoso equipamento. Isso não quer dizer que eles não tenham alguns em inventário... para alguma eventualidade.
     Curiosamente, o Brasil ainda desenvolvia lança-chamas em meados dos anos 80, quando ainda tinha uma indústria de defesa em franco desenvolvimento. A União Soviética usou amplamente lança-chamas durante o conflito do Afeganistão nos anos 80 e até hoje equipa seus tanques com esse dispositivo.

O personagem: Blowtorch

File Name: Hanrahan, Timothy P.
Grade: E-4
Birthplace: Tampa, Florida
Primary Specialty: Infantry Special Weapons
Secondary Specialty: Small-Arms Armorer

Blowtorch é altamente familiarizado com todos os dispositivos incendiários militares e com equipamentos de projeção de chamas. Para Blowtorch o uso do fogo é anterior ao arco e flecha. Expert Qualificado: lança-chamas M-7; família M16; Colt 1911Ai; Beretta 92.

O personagem original é colorido. Um baita de um alvo. 

A versão nacional é levemente mais escura que a estadunidense pela diferença do plástico ABS usado, que contém aditivos para a nossa incidência de UV, diferente do hemisfério norte. A outra diferença é o capacete utilizado: no Brasil usou-se o mesmo molde dos capacetes dos demais comandos em ação dos anos anteriores, enquanto nos EUA havia um capacete próprio com inserções onde se podia encaixar a máscara e que podem ser encaradas como lanternas para capacete, muitos úteis para abrir caminho em meio a fumaça de um campo atingido por chamas. 

A versão dos 25 anos reproduz esses tons. Já a versão POC tem tons mais escuros e opacos, o que o torna mais real, além dos acessórios mais específicos e um fuzil. O machado é o máximo. 

Pensando em tudo isso e vendo como era utilizada a arma durante o Vietnã, optei por  mudar tudo para algo mais urbano, como um uniforme cinza e detalhado em verde acetinado. Isso torna a figura mais próxima ao que realmente deveria ser enquanto um soldado de infantaria, mesmo que portando uma chamada "arma especial". O capacete do Acessory Pack caiu como uma luva, assim como a mochila-tanque. A máscara repintada em preto dá o tem sinistro que alguém que vai torrar seus inimigos deve ter.

      
Lança-chamas -Estrela S.A. 

Blowtorch - Hasbro INC


Blowtorch - Hasbro - 25th Anniversary

Blowtorch - Hasbro - Pursuit of Cobra

Blowtorch - Custom
Blowtorch - Custom

Blowtorch - Custom


Comparação - Tocha (Estrela) à esquerda; Blowtorch, à direita

As três figuras em comparação.

Ref.: The Illustrated Manual of U.S. Portable Flamethrowers, Charles S. Hobson, SCHIFFER PUBLISHING, 2010.